O argumento de Popper sobre a falseabilidade

Henrido
4 min readNov 20, 2019

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Posso dizer que concordo pouca coisa do que já tive de contado referente ao Popper, mas preciso dizer que ele contribuiu muito para minha atual postura metodológica. Foi pensando nisso que resolvi trazer o argumento dele sobre a metodologia empírica: a falseabilidade.

A função da Ciência Empírica

A ciência só expandirá nosso conhecimento acerca da realidade na medida em que tenha, em sua bate, uma metodologia. Essa metodologia nem sempre será igual: será passivo de mudança na medida em que observamos um determinado campo de estudo. Falemos aqui da “lógica da pesquisa científica”, que seguirá e analisará o método das ciências empíricas.

Não haverá universalidades no campo das ciências. O cientista enuncia sua hipótese e a testará. Portanto, só é possível enunciados singulares que deverão ser testados, uma vez que o cientista não apenas enunciará suas ideias, mas a sustentará dependendo dos resultados dos testes que esta foi submetida. Este teste não será “singular”, ele ocorrerá com você analisando a consistência interna de sua pressuposição, se ela se adéqua a natureza da própria teoria científica, comparando este com teorias mais fortes e/ou a aplicabilidade da mesma. Passando por isso, seu objetivo como um cientista, agora, é encontrar resultados que irá falsear sua própria hipótese.

As ciências naturais e sociais fazem parte de uma ciência muito maior: a ciência empírica. Há a ciência da matemática, lógica e metafísica, mas somente a empírica trabalha com a falseabilidade. A falseabilidade terá como requisito, proposições singulares e contingentes. A hipótese deverá ser passivo de testes por outros cientistas, permitindo que ela, também, possa ser falseada por outro.

O arquétipo do sistema teórico

A ciência empírica é um conjunto de pressupostos teóricos e, portanto, o conhecimento científico será determinado como a “teoria das teorias”. A comprovação de uma teoria será resultante, pelo menos, de algum enunciado básico que aceitaremos. Um elemento que podemos dar como exemplo é a causalidade e esta tratará de explicações universais e contingentes. Para você determinar certas causalidades, primeiro você precisará tratar de leis universais para determinadas condições. Sua capacidade de explicar, e até mesmo prever, determinados eventos serão resultantes da sua capacidade de entender a causalidade.

Dentro, então, do arquétipo teórico, é possível reconhecer vários graus de universalidade: os elementos universais e contingentes; os gerais e particulares. Deve-se ficar atento as determinações que são feitas sobre conceitos universais e contingentes. Admitir que todo triângulo é vermelho tem elementos de individualidade tratados como universalidade, onde a mera existência de um triângulo verde falseie minha proposição. Para que o sistema teórico seja parte da ciência empírica, ele deverá ser passivo de falseabilidade.

Nível empírico e a probabilidade

Há, em um falseamento ou comprovação de uma teoria, a presença de ao menos alguma condição inicial que decidimos aceitar.

“Oferecer uma explicação causal de certo acontecimento significa deduzir um enunciado que o descreva, utilizando, como premissas da dedução, uma ou mais leis universais, combinadas com certos enunciados singulares: as condições iniciais.”

Haverão dois juízos sintéticos universais, os que são estritamente universais e os que são numericamente universais. Os juízos estritamente universais são perene no tempo e válido em qualquer lugar, enquanto os numericamente universais são verdadeiros apenas em um determinado lugar e período específico. O que Popper chamará enunciados universais e singulares.

A condição inicial determinará o grau empírico de uma teoria — se ela é, ou não, falseável. Estas condições serão aceitas pelos cientistas para, então, submetê-las aos testes. Esta condição não se dá randomicamente, haverá um “juri” que determinará a aceitação. O grau empírico determinará, portanto, seu teor empírico e este teor empírico tende a ter uma correlação com enunciados mais simples.

Assim como os juízos sintéticos, enunciados de probabilidade são divididos em dois tipos: objetivos e subjetivos. Os enunciados objetivos são mais precisos na busca do conhecimento empírico, podendo sendo passivo da objetividade dos cientistas. Para os enunciados subjetivos, podemos atestar apenas níveis de confidencialidade comparando-a com as justificações. A probabilidade não pode ser contradita, já que não são verificáveis e rejeitam nada: é uma metafísica investigativa. Só é possível colocar a teste um enunciado de probabilidade quando este está casado com uma condição inicial.

Como a teoria se mantém

Ainda que e uma teoria possua um grau de dificuldade em ser testada, existe a corroboração: fazê-la confrontar condições iniciais. Não há nada estático na ciência empírica, ela está em constante mudança. Portanto, uma teoria que se mantém em discussão, não será uma teoria “verdadeira”, ela será uma teoria com um determinado grau de falseabilidade aceito pelos cientistas. Verdade e falso não é do mundo empírico, mas sim da lógica. Afirmações empíricas não são perenes no tempo. Tão logo, a teoria se mantem na medida em que, ainda que novos dados surjam, ela — a teoria — se mantenha corroborada.

“Mesmo o teste cuidados e sóbrio de nossas ideias, através da experiência, é, por sua vez, inspirado por ideias: o experimento é a ação planejada, onde cada passo é orientado pela teoria.”

OBSERVAÇÃO

Você pode acessar o PDF por aqui.

REFERÊNCIA

POPPER, Karl R. A lógica da pesquisa científica. Editora Cultrix, 2004.

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Written by Henrido

‘Quem não é capaz de servir ao próximo, quer governá-lo.’ [Praxeologista] [Economista] [INTJ-T] Vai comprar na Amazon? Acesse por aqui http://amzn.to/2LHu6r1

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